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Tecnologia = Produtividade

Tecnologia = Produtividade

Tecnologia = Produtividade

A busca pela automação nos processos da indústria moveleira tem um apelo principal: obter aumento de performance produtiva por meio de máquinas e equipamentos para aprimorar a atividade. Esse movimento vem sendo seguido cada vez mais pelas fabricantes nacionais, que hoje usufruem da própria evolução da tecnologia. Hoje, é possível encontrar um alto grau de automação no parque produtivo, com a presença de máquinas com setups mais rápidos e com pouca intervenção manual. Consequentemente, o aprimoramento dos métodos construtivos elevou a qualidade do mobiliário. A facilidade de fabricar móveis com máquinas modernas e softwares adequados trouxe um incremento importante de produtividade e qualidade.

Essa evolução possibilitou a flexibilização da produção, com a adoção de um número menor de colaboradores, porém com a necessidade de preparo técnico para lidar com máquinas informatizadas. Para Eti Galvani Uliano, diretor-presidente da Unesa, especializada em equipamentos de pintura, esse é um cenário que ainda precisa dar alguns passos importantes.  “Grande parte do capital humano dentro das fábricas está fraco para ter acesso a novos conhecimentos e alimentam pouca vontade de mudanças”, atesta.

Para que os resultados venham de fato, a mão de obra tem que acompanhar a evolução dos métodos construtivos, cujo viés envolve cada vez mais a utilização de um número maior de alimentadores de peças, carregadores e descarregadores de chapas ou peças, setup veloz com dispositivos de proteção e cuidados com a segurança do trabalhador – vide a revisão da NR 12.

A cadeia moveleira do País passou a ter mais know-how tecnológico embutido em suas operações produtivas também por conta do contato com mercados externos - onde essa essa realidade já é considerada algo consolidado. A Biesse, por meio da Dancamac, passou a levar fabricantes brasileiros para visitar feiras internacionais, conhecer de perto o dia a dia das fábricas de móveis estrangeiras e as instalações da própria empresa. “Isso certamente contribuiu para mudar a cultura na fabricação de móveis no Brasil”, assinala Domingos Dellamonica, diretor da Biesse/Dancamac.

Além da questão tecnológica, outros dois pontos importantes passaram a balizar a produção: a qualidade e o design dos móveis que fazem sucesso lá fora. Isso, de acordo com Dellamonica, impactou fortemente a indústria local. “Foram enviados projetistas de móveis e arquitetos, além de gerentes de produção, para buscar conhecimento sobre novas tecnologias, materiais empregados e design.”, destaca. “A partir desse trabalho, investiu-se significativamente na cultura de produção. Isso fez com que a qualidade dos produtos melhorasse consideravelmente, atendendo as necessidades dos consumidores quanto ao custo/benefício, alcançado por meio da maior produtividade e equipamentos altamente tecnológicos”, acrescenta.

Entraves

Os fornecedores de maquinário se esforçam para acompanhar as novidades e tendências tecnológicas que ganham forma no mercado externo. Nas multinacionais, por exemplo, o contato com essas mudanças é instantâneo, porém nem tudo pode ser transferido de forma automática e rápida para o Brasil.

Fabrício Zanetti, diretor da Lufati, fabricante de máquinas contadoras e embaladoras, lembra que os custos relacionados à automação ainda são muito onerosos e dificultam a venda seriada dos equipamentos. “Hoje o mercado quer obter de forma mais rápida o retorno do investimento no maquinário. Por conta disso, os equipamentos precisam custar menos e garantir maior retorno do investimento”, enfatiza.  

Seguindo a mesma linha, Dellamonica afirma que “isso envolve altos investimentos em um mercado muitas vezes pequeno para determinado consumo” - já que uma indústria que lança um produto no exterior geralmente visa vendê-lo globalmente. “No País, a empresa tem como mercado somente o próprio Brasil, ou no máximo algum vizinho com demanda ainda menor. Com isso, como é possível alcançar competitividade?”, indaga. Para o executivo, é necessário a adoção de políticas para identificar essas demandas e soluções para atende-las.

Dinheiro no bolso

O diretor da Dancamac vai ainda mais longe: o acesso facilitado ao que o mercado fornecedor oferece que de melhor torna a indústria de móveis mais competitiva para exportar com força. Mesmo com uma grande evolução na forma de fabricar os móveis, ainda há muitos itens usados no exterior e que não são adotados no Brasil. “Seja pela dificuldade de importação ou de fabricação local ou por conta baixo volume consumido. Uma política de redução de custos de importação destes produtos pode facilitar sua utilização no Brasil, ofertando um produto de maior qualidade ao consumidor final”, reforça Dellamonica.

Empresas italianas e alemãs, que tradicionalmente detêm maior participação em nível mundial no setor de máquinas para madeiras, estão conseguindo obter bons resultados na venda de máquinas para o Brasil por meio de financiamentos externos.  De acordo com o executivo, há poucas – e quase inexistentes – fontes de financiamento para máquinas importadas de alta tecnologia. 

“Para os bancos é mais ‘confortável’ aplicar em títulos do governo do que financiar a compra de máquinas. A alta taxação dos bens importados, além do câmbio, agrava essa situação, retardando o desenvolvimento da indústria brasileira e reduzindo a competitividade do setor moveleiro. Vivemos um momento difícil. Se algo não for feito para estimular os investimentos, poderemos abandonar os ganhos conquistados nos últimos anos - ou seja, a indústria brasileira vai perder ainda mais em tecnologia e produtividade”, critica Dellamonica.

Fazer acontecer

Para Eti Uliano, da Unesa, a indústria moveleira precisa abrir a mente para novas tecnologias e métodos construtivos. “Temos inúmeras sugestões e ideias, porém a grande maioria dos moveleiros está na zona de conforto. Isso é muito perigoso, pois a acomodação predomina e a marca vai ficando para trás”, aponta.

“Aos poucos, vamos soltando as tecnologias para os moveleiros, porém eles têm que acreditar e mudar. Mudar significa passar trabalho e hoje poucos se colocam na linha de frente para enfrentar os entraves - por isso estão sofrendo com as dificuldades. Temos muito o que caminhar. Grande parte do nosso material humano está fraco de novos conhecimentos, com pouca vontade de mudanças – e eles realmente fazem a diferença na produção dos móveis”, conclui Uliano.

10/10/2015